À hora combinada, Kailen e Albus encontravam-se sentados lado a lado, em frente ao portátil de Kailen, na sua biblioteca repleta de livros.
Chegara o momento de agir, de divulgar, de espalhar aos quatro ventos todas as ideias, todas as vontades da Irmandade do Carvalho.
Quase um ano se passara desde aquele dia decisivo na Vila do Castelo em que tudo parecia perdido mas por sorte ou por uma conjugação favorável de factores tudo se resolvera da melhor forma. Naquelas ruínas quase milenares a última tarefa foi cumprida e a Irmandade ressurgiu ainda que de uma forma embrionária, confinada aos seus textos e à vontade de dois amigos.
Agora era tempo de divulgar abertamente a Irmandade e a Internet fora a maneira escolhida pelos dois amigos que sentados ao computador enviaram a mais de setecentos contactos, através do e-mail da Irmandade criado previamente por Kailen, a 1ªmissiva. Escolheram um servidor e alojaram nele a página web da Irmandade onde foram colocados os princípios da Irmandade, o nome dos fundadores, a biblioteca da Irmandade e também inúmeras fotos mostrando belas paisagens e o contacto dos membros com a natureza e consigo próprios.
- A semente está lançada, que o universo permita a sua germinação. – disse Albus ao terminarem.
- E que esta semente se desenvolva, ramifique e dê muitos frutos. – completou Kailen.
Desligaram o computador e foram para o exterior da casa de Kailen onde efectuaram um treino físico composto por exercícios e artes marciais. Depois Albus regressou à Quarta-Feira e esperou por notícias sobre o número de pessoas que diariamente consultavam o website ou então respondiam à 1ªmissiva.
As pessoas foram surgindo, primeiro uma, depois outra até que no final da terceira semana eram já mais de cinquenta os interessados no que a Irmandade tinha para dizer e transmitir.
Albus entretanto redigira a 2ºmissiva onde podia ler-se:
“Numa sociedade de interesses, toda ela direccionada para o capitalismo, a nossa Irmandade pretende congregar pessoas suficientes numa vontade comum a de alterar tudo isso.
Como?
Bastará que cada membro da Irmandade se molde de forma a atingir uma nova concepção de realidade, de maneira a entender o que realmente é importante para posteriormente o poder transmitir às gerações futuras que alterarão o rumo do planeta.
Demasiado ambicioso? Talvez! Mas a Irmandade do Carvalho pretende dar um passo de cada vez, de forma firme e pensada. O primeiro passo está agora a ser dado e gostaríamos que fizesses parte dele. Assim sendo, esta segunda missiva serve para te pedir que realizes seis tarefas simples, que te darão movimento e te ajudarão, se for caso disso, a experiênciar coisas novas, puras e mais próximas dos valores defendidos pela Irmandade.
Já paraste para reflectir no rumo actual da nossa sociedade?
Os nossos empregos ou a nossa instrução escolar tomam-nos todas as horas do nosso dia. E para quê? Para podermos produzir, produzir, ou então aprender a produzir. E para que serve toda esta produção? Ora numa sociedade assente no consumo a produção e compra de bens movem o mundo. É deprimente mas real, os ricos ficam mais ricos os pobres cada vez mais pobres. Num planeta de recursos limitados uma sociedade de produção desenfreada e igual consumo de bens tem pés de barro e não pode subsistir. O principal senão de ficar parado à espera, não fazendo nada para alterar o rumo das coisas é que esse obrigatório ponto de viragem chegará tarde de mais, numa altura em que nada poderá ser feito para remediar os estragos e salvar o planeta deste Ser Humano tão auto-destrutivo e inconsciente.
A Irmandade do Carvalho não seria necessária se as escolas de hoje educassem os Homens de amanhã, só que infelizmente não educam, limitam-se a transmitir-lhes conhecimentos científicos que os ajudarão a integrar-se nesta sociedade, já de si triste e vazia. É incrível como quer para a sociedade em geral, quer para as instituições da mesma, incluindo as religiosas, um grande Homem não é um ser integro, culto, em busca de si mesmo e da sua evolução pessoal, mas sim um médico, um deputado ou então alguém que possui muitos bens materiais, esses são os modelos a seguir, esses são os invejados.
Pretendemos alterar tudo isso, queremos ajudar a moldar pessoas, ajudá-las a auto-instruírem-se de forma a percepcionarem não apenas com a razão mas também com o coração.
As tarefas são seis:
1ª – Escolhe 2 livros de duas religiões ou correntes filosóficas, lê e interpreta de forma a poderes redigir um texto em que menciones os aspectos positivos, os negativos e as semelhanças entre as diferentes correntes ou religiões.
2ª-Escolhe na tua área de residência uma montanha que sintas ser capaz de subir a pé, escolhe um dia e sobe-a tentando, ao máximo, conviver e sentir a natureza envolvente. Ao chegares ao topo regista o momento com uma foto.
3ª- No Outono, muitas espécies de árvores libertam as suas sementes, por exemplo, a bolota. O que a Irmandade te pede, é que faças a recolha de 50 sementes de uma dessas árvores e ajudes a sua dispersão em locais fracamente arborizados, plantando-as e deixando que a natureza trate do resto. Como alternativa, podes plantar 5 árvores à tua escolha ou então realiza uma tarefa de igual sentido ecológico. Depois de realizada a tarefa deves mais uma vez registar a sua realização com uma foto.
4ª – Cada membro da Irmandade é livre de seguir o seu próprio caminho ao seu próprio ritmo, como tal, para a realização desta tarefa a Irmandade pede-te que escrevas um texto sobre a tua maneira de ver a sociedade e o mundo, do que está na tua óptica mal e que gostarias de poder alterar.
5ª – Esta tarefa é fácil e simples, deves enviar a 1ª missiva, a 10 pessoas, tuas conhecidas, e que penses poderem estar interessadas em fazer parte da Irmandade.
6ª – A sexta tarefa é uma tarefa livre, deves para a sua realização reflectir sobre os princípios da Irmandade e baseado neles realizar uma tarefa por ti idealizada. A liberdade de escolha e a iniciativa própria são muito importantes na Irmandade. Sê criativo. Deves tirar uma foto e escrever um texto com a descrição da tarefa.
O tempo para a realização das tarefas é de 6 meses, nesse tempo a Irmandade estará, caso queiras, em contacto contigo, basta que nos escrevas para obteres de imediato uma resposta.
Assim que realizares as tarefas, o que pode acontecer em qualquer altura dentro do prazo dado, reúne todas as fotos e textos pedidos e envia para a Irmandade.
Ao recebermos a confirmação da realização das tarefas ser-te-á enviada a folha de inscrição na Irmandade que constará no livro de membros da Irmandade do Carvalho.”
Combinou novo encontro com Kailen e juntos enviaram a 2ºmissiva a todos os que tinham respondido à primeira.
- Agora vamos aguardar! – disse Kailen.
- Seis meses são um longo período de espera, mas tem que ser assim, as pessoas necessitam de tempo para mudar, para se reajustar a uma nova realidade.
- Penso que quem decidir realizara s tarefas o fará em constante contacto connosco.
- Achas?
- Penso que sim, a partilha é muito importante Albus. De qualquer modo temos os nossos amigos que também se juntaram à Irmandade e com quem constantemente debatemos o estado das coisas.
- Por falar nisso, que tal marcarmos um encontro entre todos os membros da Irmandade? – sugeriu Albus.
- Óptima ideia, o Verão está a findar, vai fazer exactamente um ano desde o achado e nada seria melhor para assinalar essa data que um encontro entre membros.
- E se o encontro for no Monte da Lua?
- Olha, grande ideia! É um belo local e foi pela vontade de ir até lá que encontrámos o livro de Robur.
- E o encontro, marcamos para a data exacta do último achado?
- Sim, pois o simbolismo é maior.
- Vamos já tratar disso. – disse Albus enviando um e-mail a todos os membros da Irmandade e também aos que se tinham mostrado interessados nesta. – Pronto está feito, agora é aguardar.
*
O encontro fora marcado para as duas da tarde e apesar do Verão se encontrar no seu término estava muito calor.
Albus e Kailen subiram juntos até ao monte da lua pelo lado da Quarta-Feira. Faltavam ainda um par de horas para o início do encontro, aproveitando esse tempo, decidiram limpar o local, libertando-o dos ramos caídos e das giestas já secas.
- Que te parece, aparecerá alguém? – perguntou Kailen.
- Penso que sim, pelo menos os nossos amigos, aqueles que, agora, tanto como nós se encontram ligados à Irmandade. Esses devem vir.
- E todos os outros? Será possível que mesmo os que nunca tiveram qualquer contacto pessoal connosco e que apenas se corresponderam com a Irmandade por e-mail apareçam?
- Seria fantástico, receber pessoas dos quatro cantos, não do mundo, mas de Portugal.
- Por enquanto Albus, por enquanto.
- Como assim?
- Pois é, eu ainda não te tinha dito, mas fica sabendo que traduzi as missivas para inglês e já as enviei a algumas pessoas no estrangeiro.
- Então é oficial! A Irmandade tornou-se internacional!
Kailen riu com o comentário de Albus.
Faltavam dez para as duas quando terminaram a limpeza sentando-se depois na expectativa.
Chegara o momento de agir, de divulgar, de espalhar aos quatro ventos todas as ideias, todas as vontades da Irmandade do Carvalho.
Quase um ano se passara desde aquele dia decisivo na Vila do Castelo em que tudo parecia perdido mas por sorte ou por uma conjugação favorável de factores tudo se resolvera da melhor forma. Naquelas ruínas quase milenares a última tarefa foi cumprida e a Irmandade ressurgiu ainda que de uma forma embrionária, confinada aos seus textos e à vontade de dois amigos.
Agora era tempo de divulgar abertamente a Irmandade e a Internet fora a maneira escolhida pelos dois amigos que sentados ao computador enviaram a mais de setecentos contactos, através do e-mail da Irmandade criado previamente por Kailen, a 1ªmissiva. Escolheram um servidor e alojaram nele a página web da Irmandade onde foram colocados os princípios da Irmandade, o nome dos fundadores, a biblioteca da Irmandade e também inúmeras fotos mostrando belas paisagens e o contacto dos membros com a natureza e consigo próprios.
- A semente está lançada, que o universo permita a sua germinação. – disse Albus ao terminarem.
- E que esta semente se desenvolva, ramifique e dê muitos frutos. – completou Kailen.
Desligaram o computador e foram para o exterior da casa de Kailen onde efectuaram um treino físico composto por exercícios e artes marciais. Depois Albus regressou à Quarta-Feira e esperou por notícias sobre o número de pessoas que diariamente consultavam o website ou então respondiam à 1ªmissiva.
As pessoas foram surgindo, primeiro uma, depois outra até que no final da terceira semana eram já mais de cinquenta os interessados no que a Irmandade tinha para dizer e transmitir.
Albus entretanto redigira a 2ºmissiva onde podia ler-se:
“Numa sociedade de interesses, toda ela direccionada para o capitalismo, a nossa Irmandade pretende congregar pessoas suficientes numa vontade comum a de alterar tudo isso.
Como?
Bastará que cada membro da Irmandade se molde de forma a atingir uma nova concepção de realidade, de maneira a entender o que realmente é importante para posteriormente o poder transmitir às gerações futuras que alterarão o rumo do planeta.
Demasiado ambicioso? Talvez! Mas a Irmandade do Carvalho pretende dar um passo de cada vez, de forma firme e pensada. O primeiro passo está agora a ser dado e gostaríamos que fizesses parte dele. Assim sendo, esta segunda missiva serve para te pedir que realizes seis tarefas simples, que te darão movimento e te ajudarão, se for caso disso, a experiênciar coisas novas, puras e mais próximas dos valores defendidos pela Irmandade.
Já paraste para reflectir no rumo actual da nossa sociedade?
Os nossos empregos ou a nossa instrução escolar tomam-nos todas as horas do nosso dia. E para quê? Para podermos produzir, produzir, ou então aprender a produzir. E para que serve toda esta produção? Ora numa sociedade assente no consumo a produção e compra de bens movem o mundo. É deprimente mas real, os ricos ficam mais ricos os pobres cada vez mais pobres. Num planeta de recursos limitados uma sociedade de produção desenfreada e igual consumo de bens tem pés de barro e não pode subsistir. O principal senão de ficar parado à espera, não fazendo nada para alterar o rumo das coisas é que esse obrigatório ponto de viragem chegará tarde de mais, numa altura em que nada poderá ser feito para remediar os estragos e salvar o planeta deste Ser Humano tão auto-destrutivo e inconsciente.
A Irmandade do Carvalho não seria necessária se as escolas de hoje educassem os Homens de amanhã, só que infelizmente não educam, limitam-se a transmitir-lhes conhecimentos científicos que os ajudarão a integrar-se nesta sociedade, já de si triste e vazia. É incrível como quer para a sociedade em geral, quer para as instituições da mesma, incluindo as religiosas, um grande Homem não é um ser integro, culto, em busca de si mesmo e da sua evolução pessoal, mas sim um médico, um deputado ou então alguém que possui muitos bens materiais, esses são os modelos a seguir, esses são os invejados.
Pretendemos alterar tudo isso, queremos ajudar a moldar pessoas, ajudá-las a auto-instruírem-se de forma a percepcionarem não apenas com a razão mas também com o coração.
As tarefas são seis:
1ª – Escolhe 2 livros de duas religiões ou correntes filosóficas, lê e interpreta de forma a poderes redigir um texto em que menciones os aspectos positivos, os negativos e as semelhanças entre as diferentes correntes ou religiões.
2ª-Escolhe na tua área de residência uma montanha que sintas ser capaz de subir a pé, escolhe um dia e sobe-a tentando, ao máximo, conviver e sentir a natureza envolvente. Ao chegares ao topo regista o momento com uma foto.
3ª- No Outono, muitas espécies de árvores libertam as suas sementes, por exemplo, a bolota. O que a Irmandade te pede, é que faças a recolha de 50 sementes de uma dessas árvores e ajudes a sua dispersão em locais fracamente arborizados, plantando-as e deixando que a natureza trate do resto. Como alternativa, podes plantar 5 árvores à tua escolha ou então realiza uma tarefa de igual sentido ecológico. Depois de realizada a tarefa deves mais uma vez registar a sua realização com uma foto.
4ª – Cada membro da Irmandade é livre de seguir o seu próprio caminho ao seu próprio ritmo, como tal, para a realização desta tarefa a Irmandade pede-te que escrevas um texto sobre a tua maneira de ver a sociedade e o mundo, do que está na tua óptica mal e que gostarias de poder alterar.
5ª – Esta tarefa é fácil e simples, deves enviar a 1ª missiva, a 10 pessoas, tuas conhecidas, e que penses poderem estar interessadas em fazer parte da Irmandade.
6ª – A sexta tarefa é uma tarefa livre, deves para a sua realização reflectir sobre os princípios da Irmandade e baseado neles realizar uma tarefa por ti idealizada. A liberdade de escolha e a iniciativa própria são muito importantes na Irmandade. Sê criativo. Deves tirar uma foto e escrever um texto com a descrição da tarefa.
O tempo para a realização das tarefas é de 6 meses, nesse tempo a Irmandade estará, caso queiras, em contacto contigo, basta que nos escrevas para obteres de imediato uma resposta.
Assim que realizares as tarefas, o que pode acontecer em qualquer altura dentro do prazo dado, reúne todas as fotos e textos pedidos e envia para a Irmandade.
Ao recebermos a confirmação da realização das tarefas ser-te-á enviada a folha de inscrição na Irmandade que constará no livro de membros da Irmandade do Carvalho.”
Combinou novo encontro com Kailen e juntos enviaram a 2ºmissiva a todos os que tinham respondido à primeira.
- Agora vamos aguardar! – disse Kailen.
- Seis meses são um longo período de espera, mas tem que ser assim, as pessoas necessitam de tempo para mudar, para se reajustar a uma nova realidade.
- Penso que quem decidir realizara s tarefas o fará em constante contacto connosco.
- Achas?
- Penso que sim, a partilha é muito importante Albus. De qualquer modo temos os nossos amigos que também se juntaram à Irmandade e com quem constantemente debatemos o estado das coisas.
- Por falar nisso, que tal marcarmos um encontro entre todos os membros da Irmandade? – sugeriu Albus.
- Óptima ideia, o Verão está a findar, vai fazer exactamente um ano desde o achado e nada seria melhor para assinalar essa data que um encontro entre membros.
- E se o encontro for no Monte da Lua?
- Olha, grande ideia! É um belo local e foi pela vontade de ir até lá que encontrámos o livro de Robur.
- E o encontro, marcamos para a data exacta do último achado?
- Sim, pois o simbolismo é maior.
- Vamos já tratar disso. – disse Albus enviando um e-mail a todos os membros da Irmandade e também aos que se tinham mostrado interessados nesta. – Pronto está feito, agora é aguardar.
*
O encontro fora marcado para as duas da tarde e apesar do Verão se encontrar no seu término estava muito calor.
Albus e Kailen subiram juntos até ao monte da lua pelo lado da Quarta-Feira. Faltavam ainda um par de horas para o início do encontro, aproveitando esse tempo, decidiram limpar o local, libertando-o dos ramos caídos e das giestas já secas.
- Que te parece, aparecerá alguém? – perguntou Kailen.
- Penso que sim, pelo menos os nossos amigos, aqueles que, agora, tanto como nós se encontram ligados à Irmandade. Esses devem vir.
- E todos os outros? Será possível que mesmo os que nunca tiveram qualquer contacto pessoal connosco e que apenas se corresponderam com a Irmandade por e-mail apareçam?
- Seria fantástico, receber pessoas dos quatro cantos, não do mundo, mas de Portugal.
- Por enquanto Albus, por enquanto.
- Como assim?
- Pois é, eu ainda não te tinha dito, mas fica sabendo que traduzi as missivas para inglês e já as enviei a algumas pessoas no estrangeiro.
- Então é oficial! A Irmandade tornou-se internacional!
Kailen riu com o comentário de Albus.
Faltavam dez para as duas quando terminaram a limpeza sentando-se depois na expectativa.
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